Antes de entender o que significa a frase “só adultos trocam”, é importante saber de onde vem essa ideia de “adulto” e “criança” como figuras psicológicas.
Essa distinção foi introduzida pelo psicólogo Eric Berne, criador da Análise Transacional, uma abordagem que estuda os estados de ego que influenciam nosso comportamento.
De acordo com Berne, existem três estados de ego principais que determinam como nos relacionamos com o mundo:
- Pai – Reproduz regras e julgamentos aprendidos na infância.
- Adulto – Racional, consciente e equilibrado.
- Criança – Emocional, impulsiva e carregada de carências.
Esses estados de ego não estão ligados necessariamente à idade física, mas à forma como reagimos emocionalmente em diferentes situações.
Bert Hellinger e a Análise Transacional
A Análise Transacional, desenvolvida por Eric Berne, foi uma das abordagens que Bert Hellinger estudou e aplicou em seus trabalhos com Constelação Familiar.
Hellinger, conhecido por sua profunda investigação das dinâmicas sistêmicas, percebeu que os estados de ego — Pai, Adulto e Criança — influenciam não apenas as relações interpessoais, mas também os emaranhamentos familiares que impactam gerações.
Ao integrar essa compreensão em suas constelações, ele mostrou como muitas posturas adotadas nos relacionamentos refletem padrões herdados e condicionamentos inconscientes.
Assim, trabalhar a maturidade emocional e reconhecer esses padrões se torna essencial para restaurar o equilíbrio e a harmonia dentro das relações e do sistema familiar.
Por que “só adultos trocam”?
Na Constelação Familiar, a compreensão desses estados de ego se aplica de modo muito claro às dinâmicas de casal.
A frase “só adultos trocam” indica que, para uma relação ser saudável, ambos os parceiros precisam agir a partir do estado de ego Adulto: conscientes, responsáveis e abertos ao diálogo.
Se um (ou ambos) permanece no estado de ego Criança, a troca se desequilibra, pois se baseia em dependência, exigências irreais e frustrações mútuas.
A Postura da Criança em um Relacionamento
- Expectativa de Receber Sem Dar (Dependência)
A postura da criança é marcada pelo desejo de receber sem dar em troca. Ela espera que o outro cuide dela, resolva seus problemas e preencha suas lacunas emocionais.
Exemplo: exigir que o parceiro prove constantemente seu amor, esperar que o outro tome todas as decisões ou banque todas as despesas, sentir-se injustiçada ao não receber atenção ou presentes.
Sinal de alerta: essa postura cria desequilíbrio — um parceiro está sempre dando e o outro, apenas recebendo.
- Estado de Ego Infantil: Fazer “Contas” Superficiais
A criança tende a fazer uma conta superficial de dar e receber, focada em trocas imediatas ou materiais.
Exemplo: “Eu paguei essa conta, então ele tem que pagar a próxima.” ou “Se eu fiz isso por você, você tem que fazer o mesmo por mim.”
Essa postura ignora a complexidade das trocas afetivas, emocionais e financeiras em um relacionamento.
- Eu Exijo, Mas Não Estou Disposto a Dar (Postura Egocêntrica)
A criança acredita que merece amor, atenção e apoio sem oferecer o mesmo ao outro. Age como se o parceiro fosse responsável por sua felicidade.
Exemplo: “Ele tem que me fazer feliz.” ou “Ela precisa me entender, mesmo quando estou errado.”
Essa postura reflete carências não resolvidas da infância, onde o parceiro é visto como “pai” ou “mãe” que deve suprir demandas.
- Reatividade Emocional (Eu Quero Agora!)
O estado infantil reage impulsivamente às frustrações. Se não recebe o que espera, tende a agir com raiva, mágoa ou vitimismo.
Exemplo: “Você não me ama mais porque não fez isso por mim.” ou “Se você me amasse, teria adivinhado o que eu queria.”
Essa postura inviabiliza um diálogo adulto e saudável, pois se baseia em acusações e não na busca de compreensão mútua.
- Busca de Salvação no Outro
A criança acredita que o parceiro é responsável por “salvá-la” de seus problemas, reproduzindo uma carência parental.
Exemplo: “Eu não sei lidar com dinheiro, então ele precisa resolver isso por mim.” ou “Se ele mudar, eu serei feliz.”
Essa dependência emocional é um dos maiores bloqueios para a prosperidade em casal.
O Que a Criança Quer?
• Ser cuidada
• Ser salva
• Receber sem dar
• Fazer exigências irreais
• Evitar responsabilidades
Como Sair do Estado Infantil e Entrar no Estado Adulto?
Para um casal prosperar, ambos precisam assumir o estado de ego Adulto, caracterizado por:
• Responsabilidade pelas próprias emoções (sem culpar o outro)
• Reconhecimento de que a troca deve ser equilibrada (dar e receber)
• Consciência de que ninguém completa ninguém; cada um é responsável por si
• Aceitação do parceiro como ele é (sem projeções irreais)
• Diálogo claro e respeitoso, baseado em fatos e não em suposições ou exigências infantis
Como o Casal Administra o Dinheiro no Relacionamento?
A forma como o casal lida com o dinheiro revela muito sobre o estado de ego predominante. Alguns modelos podem ser:
- Modelo Paternalista
Um parceiro sustenta o lar enquanto o outro permanece dependente. - Modelo de Competição
Os parceiros disputam para ver quem ganha mais ou quem contribui mais. - Modelo de Desconexão
Cada um administra suas finanças de forma isolada, sem transparência ou planejamento conjunto.
Esses modelos dificilmente levam à prosperidade. O ideal é criar um modelo financeiro que funcione para ambos, com diálogo aberto, respeito e, principalmente, acordos claros sobre gastos, investimentos e metas.
Bagagem Sistêmica: O Que Cada Um Traz na Mochila?
Ao estudar mais a fundo o que é a Constelação Familiar, você vai descobrir que trazemos uma “mochila” cheia de histórias pessoais e familiares para o relacionamento. Isso inclui crenças, traumas e padrões herdados de gerações anteriores.
Exemplo: alguém que cresceu em um lar de escassez financeira pode continuar reproduzindo esse padrão mesmo após conquistar estabilidade.
Para prosperar juntos, é fundamental:
- Identificar o que carregamos da nossa história
- Trabalhar os padrões limitantes, por meio de autoconhecimento e, se necessário, terapia ou constelações
- Abrir espaço para novas possibilidades de abundância, rompendo círculos viciosos
Exercício Prático:
- Pegue um caderno e escreva as crenças que você ouviu na infância sobre dinheiro e relacionamentos
- Pergunte-se: essas crenças ainda fazem sentido para mim hoje?
- Compartilhe com seu parceiro o que você descobriu
Construindo Juntos a Prosperidade em Casal
Depois de identificar as bagagens pessoais e sistêmicas, é hora de criar juntos um modelo de prosperidade. Alguns passos:
- Definir valores principais
O que é mais importante para vocês? Segurança, liberdade, família, estilo de vida? - Estabelecer um modelo financeiro personalizado
Contas separadas ou conjuntas? Como dividir despesas ou responsabilidades? - Praticar as três palavras mágicas
• Sim — “Eu concordo com quem você é.”
• Por favor — “Eu preciso de você.”
• Obrigada (o) — “Eu reconheço tudo o que você traz.”
Esses passos ajudam a criar um espaço de prosperidade que vai além do financeiro, abrangendo também amor, respeito e harmonia.
Projeções e Ilusões: O Que Você Vê no Seu Parceiro?
No início de um relacionamento, é comum projetarmos nossas expectativas no outro. Em vez de vermos a pessoa como ela é, vemos a possibilidade de suprir nossas faltas.
A projeção é perigosa pois alimenta ilusões e cobranças irreais. Para que o casal prospere, é vital reconhecer essas projeções e enxergar o parceiro em sua totalidade, com qualidades, limitações e singularidades.
Prosperar como Casal É Criar Espaço Para o Amor
Saber como prosperar em casal não se limita a ter uma boa condição financeira.
A verdadeira prosperidade envolve criar um espaço para que o amor cresça, onde ambos se sentem reconhecidos e valorizados.
Quando o casal reconhece suas bagagens familiares e pessoais, negocia as diferenças de forma adulta e constroi juntos acordos que respeitam o que cada um traz, o fluxo da abundância — seja afetiva ou material — se abre de forma natural.
Só Adultos Trocam
A frase “só adultos trocam” nos lembra que prosperar em casal exige maturidade emocional e responsabilidade. A postura da criança interna cria dependência, exigência e desequilíbrio.
Já o adulto está pronto para dar e receber de forma consciente, criando um ambiente fértil para o amor e a prosperidade florescerem.
Lembre-se: tornar-se adulto na relação é um processo de autoconhecimento e crescimento mútuo.
Quando ambos estão dispostos a reconhecer e cuidar de suas próprias “crianças internas”, abre-se espaço para uma troca genuína, onde o amor flui e cada parceiro assume seu lugar, contribuindo para um relacionamento equilibrado, saudável e próspero.
Nesse espaço, não há cobranças infantis ou expectativas irreais, mas sim um compromisso consciente de crescer juntos. Só adultos trocam, porque somente a maturidade permite que o dar e receber aconteçam de forma harmoniosa, fortalecendo o vínculo e promovendo um amor verdadeiro e sustentável.