A Constelação Familiar, hoje bastante popular como uma abordagem terapêutica inovadora, tem uma história rica e multifacetada que remonta a várias décadas.
Esta abordagem não iniciou com Bert Hellinger, como muitos afirmam, mas foi ele quem a desenvolveu durante 40 anos, acrescentou outras técnicas e embasamentos teóricos, o que resultou em algo totalmente novo.
Baseia-se em princípios e observações que cruzam fronteiras culturais, espirituais e psicológicas.
Neste artigo, vamos explorar as origens e a evolução dessa prática que tem transformado vidas ao redor do mundo.
As Raízes da Constelação Familiar
Bert Hellinger, o criador da Constelação Familiar, nasceu em 1925 na Alemanha.
Antes de se dedicar à psicoterapia, Hellinger foi missionário católico na África do Sul, onde passou 16 anos trabalhando com a comunidade Zulu.
Foi nessa época que ele começou a desenvolver um profundo interesse pelas dinâmicas familiares e pela influência do inconsciente coletivo nas relações humanas.
Hellinger observou que, nas comunidades Zulus, a compreensão da importância dos ancestrais e a necessidade de manter a harmonia entre os membros da família eram fundamentais para o bem-estar coletivo.
Essa percepção, mais tarde, combinada com suas experiências em outras áreas da psicoterapia, como a psicanálise, a terapia primal e a Gestalt-terapia, ajudou a moldar o que mais tarde se tornaria a Constelação Familiar Hellingeriana.
O Desenvolvimento da Constelação Familiar
A Constelação Familiar começou a tomar forma nos anos 1970, em Palo Alto com a Terapeuta Familiar Americana Virginia Satir.
Ela foi a primeira terapeuta a trazer para dentro do consultório os pais de seus pacientes e mais tarde os demais integrantes da família.
Ela verificou que as histórias que eram trazidas formavam uma imagem.
Satir começou a montar essa imagem com a ajuda dos integrantes da família. Ela as chamou de “esculturas familiares”.
Mais tarde, na ausência de um de seus membros, substituindo-os com a utilização de cadeiras, sapatos ou mesmo papéis no chão, as chamadas âncoras espaciais e percebeu que tinha o mesmo efeito.
Foi esse trabalho que Hellinger conheceu anos depois, as Esculturas Familiares de Virgínia Satir.
Hellinger ficou tão impactado com esse trabalho que iniciou seus estudos de imediato> Isso aconteceu no final da década de 80, ao tempo em que ele já era um grande terapeuta e trabalhava na condução de grupos terapêuticos.
Inovações Trazidas Por Bert Hellinger
Hellinger já tinha grande bagagem de conhecimento teórico e terapêuticos, e os agregou nesse novo conhecimento.
Com isso, essa integração transformou essa abordagem em algo totalmente inédito.
Ele a chamou de Familienstellen (do alemão), ou colocação familiar, entretanto, na tradução para o inglês, foi-lhe dado o nome de Constelação Familiar, nome pelo qual é conhecida até os dias atuais.
Essa abordagem evoluiu a partir de uma combinação de elementos da teoria dos sistemas familiares, da fenomenologia e do conceito de ordens do amor, que se refere à ideia de que existem leis naturais que regem as relações familiares e que, quando essas leis são violadas, surgem conflitos e desordens.
Hellinger propôs que, muitas vezes, os indivíduos carregam em suas vidas padrões emocionais e comportamentais herdados de gerações anteriores.
Esses padrões podem se manifestar como dificuldades emocionais, problemas de saúde, ou relacionamentos disfuncionais.
A Constelação Familiar busca trazer à luz essas dinâmicas ocultas, permitindo que o indivíduo encontre uma nova forma de lidar com esses padrões e, assim, alcançar a cura.
A Expansão da Constelação Familiar
Nos anos 1990, a Constelação Familiar começou a ganhar popularidade fora da Alemanha, primeiro na Europa e, em seguida, em todo o mundo.
A Constelação Familiar foi acolhida por terapeutas e facilitadores de várias disciplinas, que vislumbraram uma poderosa ferramenta para ajudar seus clientes a superar bloqueios e desafios.
Com o tempo, houve a adaptação e expansão para além das questões familiares, sendo aplicada em diversos contextos, como organizações, escolas e até sistemas jurídicos.
Hoje existem diferentes vertentes e abordagens da Constelação Familiar, algumas mais focadas na terapia individual, outras em grupos, e ainda aquelas que se utilizam de métodos modernos, como a Constelação Online.
As Ordens do Amor e a Fenomenologia
Dois conceitos centrais para a Constelação Familiar são as Ordens do Amor e a Fenomenologia. As Ordens do Amor são princípios que, segundo Hellinger, governam as relações familiares.
Quando essas ordens são respeitadas, a harmonia prevalece; quando são violadas, surgem conflitos e sofrimentos. As três principais ordens incluem:
- O Pertencimento: Todos os membros de uma família têm o direito de pertencer ao sistema familiar.
- A Ordem Hierárquica: Existe uma hierarquia natural dentro da família, onde os pais vêm antes dos filhos e os antecessores antes dos sucessores.
- O Equilíbrio entre Dar e Receber: É necessário manter um equilíbrio nas trocas entre dar e receber dentro dos relacionamentos.
A Fenomenologia, por outro lado, é uma abordagem filosófica que influenciou profundamente Hellinger. Ela sugere que, em vez de tentar entender a mente humana por meio de teorias, devemos observar e confiar no que se manifesta espontaneamente durante as sessões de Constelação.
Essa abordagem permite que as dinâmicas ocultas se revelem de maneira natural, facilitando o processo de cura.
A Evolução Contínua da Constelação Familiar
Desde sua criação, a Constelação Familiar passou por várias evoluções.
Novas abordagens e técnicas foram incorporadas à prática, tornando-a mais acessível e adaptável às necessidades contemporâneas.
Atualmente, muitos consteladores utilizam elementos de outras disciplinas, como a PNL (Programação Neurolinguística) e a terapia sistêmica, para enriquecer suas práticas.
Além disso, a Constelação Familiar hoje estamos presenciando a expansão para áreas como a saúde, onde é utilizada para compreender e tratar doenças que podem ter raízes em dinâmicas familiares.
Também é aplicada em ambientes corporativos para melhorar a comunicação, resolver conflitos e aumentar a eficiência organizacional.
O Legado de Bert Hellinger
Bert Hellinger faleceu em 2019, mas seu legado continua vivo através dos milhares de terapeutas e facilitadores que aplicam a Constelação Familiar em todo o mundo.
Seu trabalho abriu novas portas para a compreensão das relações humanas e ofereceu uma ferramenta poderosa para a cura e o autoconhecimento.
O Impacto da Constelação Familiar ao Longo do Tempo
A Constelação Familiar, desde sua origem, tem se mostrado valiosa para a compreensão e resolução de questões profundas nas dinâmicas familiares e pessoais.
Do estudo da história e da evolução dessa abordagem, é possível ver como ela se tornou um recurso indispensável para aqueles que buscam a cura emocional e o equilíbrio em suas vidas.
Portanto, ao se abrir para as possibilidades que a Constelação Familiar oferece, muitos indivíduos encontram não apenas a resolução de problemas específicos, mas também um caminho para a transformação pessoal e o crescimento interior.
Com carinho Sempre
Celina Cruz
Terapeuta Integrativa
Consteladora Familiar pós-graduada pela Hellinger Schule